sábado, 29 de janeiro de 2011

Banda Desenhada da "escola franco-belga" I

 A maior influência que me incutiu o meu favoritismo pela BD franco-belga, foi a revista Tintin dos anos 70. Ela foi um meio de conhecimento que perdura até hoje, dos diversos heróis das histórias e seus autores, aonde também ficou acentuada, ainda mais, a minha preferência pelas “HQde aventuras e humorísticas, deixando de parte as de estilo mais realista.
 No meu “TOP” de leituras da BD franco-belga, está a sérieAstérix de Uderzo e, da grande referência das histórias para quadradinhos, Goscinny – com argumentos dele, qualquer estilo de desenho daria um êxito como BD!
Uma tira de quadradinhos da história "Astérix e os Normandos" em que o sobrinho do chefe Abraracourcix é "escolhido", por estes vikings para lhes ensinar o conceito "ter medo".
Página 21 da edição portuguesa da Meribérica/Liber - 1994

 

 As aventuras de Astérix e Obélix são as que mais releio, sendo os meus álbuns favoritos os Astérix e os Bretões e Astérix e os Normandos - curiosamente, são ambos de 1966. Também destaco o “Domínio dos Deuses” com um belo trabalho de “arquitectura” e o  “Astérix nos Jogos Olímpicos”, o “Astérix e o Caldeirão” e  as grandes intrigas no “O Adivinho”, o… E paro por aqui, porque senão acabo por listar toda a colecção!!


Contra-capa de uma edição portuguesa,
do distraido Rantanplan
Continuando as minhas preferências pela BD franco-belga com as suas personagens caricaturadas e animais antropomórficos, destaco primeiro os mais conhecidos: o “Tintin”; o que dispara mais rápido que a própria sombra, Lucky Luke”; o desastrado cão polícia, Rantanplan”; o animal esquisito com uma compridíssima cauda, Marsupilami”; as aventuras de Spirou com o seu companheiro “Fantásio”.

  Os menos divulgados ou editados em Portugal: o pequeno índio ( ou, o agora "politicamente correcto", nativo-americano ) que fala com os animais da floresta Yakari (Derib): o cabo e o sargento na Guerra da Sucessão em os Túnicas Azuis (Lambil): o reino dos ratos Toitones - Toyottes (Carpentier) e o menino Cédric (Laudec), ambos com argumentos de Cauvin. Acescento os malandrecos Titeuf (Zep) e o O pequeno Spirou (Tome e Janry) - infelizmente, estes três últimos deixaram de ser publicados em Portugal, desprezando os leitores pré-adolescentes.
Capa de uma das histórias de Yakari, "Yakari e os Castores", editado em português pela Difusão Verbo em 1979. A página (21) corresponde à primeira aventura (1973) de Yakari, editado em Portugal pela Difusão Verbo - "Yakari", 1978.
Este pequeno herói já mereceria um reedição em Português (Espanha já a está reeditando) para o público mais infantil que tem um deficit em BD. É de notar que a colecção "Yakari" está no 35º álbum - "L'escapade de l'ourson" (2009).


    Les Tuniques Bleues - BD desenhada por europeus que retrata, humoristicamente, um período "intimamente" dos Estados Unidos - a Guerra da Sucessão. Os protagonistas são dois elementos do Exercito do Norte (um sargento e um cabo) em que um deles, o cabo Blutch, consegue "morrer" no inicio de cada batalha...
 Em Portugal, não é uma série muito conhecida (pouca tiragem?), apesar de terem sido editados, no total, 11 álbuns (Edinter e Asa) - a edição original está no 54º título (2010)!!!
Esta capa é do 3º álbum, editado pela Edinter (1985?) com o título "Os Azuis tornam-se cossacos" (12º original "Les bleus tournent cosaques"- 1977). A imagem seguinte é da página inicial desta história.
 A editora Asa, publicou o 11º álbum (2003), em Portugal, "Réquiem por um Azul" que é SÓ o 46º da edição francesa...

Página (7) de uma das historias dos sobreviventes ratos Toyottes (1980)  que ocuparam o espaço deixado pelos Humanos, após a sua autodestruição - é do 2º álbum da edição portuguesa (os Toiotes) "Mas onde está o Barnabé" de 1983, da Moraes/BD.
Os quadradinhos seguintes, são do menino Cédric em mais uma tentativa de se declarar à sua professora que novamente, é falhada por algum imprevisto... Esta sequência está na página 4 do álbum "Cédric 2: na neve", editado em Portugal pela Edinter em 1997.
 
 Não é por acaso que enuncio esta lista:  todas parecem ter em comum uma classificação de BD infantil/juvenil,mas,  os meninos Spirou e Tteuf demostrem já umas atitudes um pouco "picantes"....


  Com esta capa de Titeuf, nenhum pai/mãe vai oferecer este álbum ao seu filho/a menor! Apesar de contar historias entre miúdos, o leitor "alvo" será o pré-adolescente/adulto - aqui, na página 43, os leitores mais pequenos perceberiam o final da acção, mas, não o "contexto" da história...
 Álbum em português, editado pela Asa (2006) aproveitando (e bem) a ocasião de Titeuf (desenhos animados) também passar na TV portuguesa - infelizmente, parece que não resultou a oportunidade porque este é o 4º e último (do Titeuf) editado pela Asa... Talvez porque os desenhos-animados que ainda continuam a passar na TV (PandaBigs) sejam "mais suaves" e, logo , públicos diferentes(?) - edição original está (ficou?) no 12º álbum (2008).



 Aqui o pequeno Spirou que parece ainda mais novo que o Titeuf, é também, ainda mais malandreco com algumas piadas (histórias) a roçar o "picante"!...
Com esta página (18), algumas pessoas ficariam vermelhas ( de embaraço... ou de raiva...) - é da edição portuguesa da colecção (de um único numero...) "O pequeno Spirou" , "Diz Bom Dia à senhora!" da Meribérica/Liber (2003).
 Este Spirou é pequeno, mas, não é para os pequenos...- talvez uma "prenda" humorística, dos autores (Tome & Janry) para os fãs do Spirou que já vai no 15º álbum, publicado em França!...


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A BD a preto/branco (P/B)

O meu gosto por ler BD a preto e branco (P/B) foi adquirido por muitas leituras das edições do Mundo de Aventuras e das inúmeras revistas da APR - desde muito cedo (8/9 anos) que comecei a mostrar interesse pelas histórias a P/B , juntando-as às coloridas da Disney, em que apesar de algumas dessas revistas (P/B) possuirem um aviso "para maiores de 12 anos", as histórias continham (com censura ou não) uma violência MUITO MENOS "sanguinária" que as actuais...

 É da APR que destaco algumas das colecções que me deslumbraram e que continuam a fascinar-me como coleccionador/leitor. A primeira é a colecção Tarzan”, aonde conheci, pela primeira vez, quem eu considero como o melhor desenhador “realista”, associado a um personagem muito querido – Russ Manning e “Tarzan”.
  Duas capas de edição em português de Tarzan e ambas com histórias desenhadas por Russ Manning. A primeira é uma edição brasileira da Ebal com a história "Tarzan, o Terrível" (1967). Esta edição, nº37 (3ªsérie) de Outubro de 1968, foi vendida em Portugal, através da livraria Bertrand (4$50). A capa seguinte, edção portuguesa, é a nº19 (suplemento ao nº1097 da MA, 1970) de uma estimada colecção da "Mundo de Aventuras" com, além de outros artistas, bastantes histórias (24) de Manning - incluindo a série "Brothers of te Spear". Esta colecção é constituida por 96 números (1969/78) e a maioria da capas correspondem à edição americana. Contém a história "Tarzan e os Homens-Formiga", desenhada por Russ Manning em 1968.
Indico uma página de consulta OBRIGATÓRIA para os admiradores de TARZAN e do artista RUSS MANNING : http://www.erbzine.com/mag26/2600.html
Página nº16 da revista nº7 (1969) da edição portuguesa de "Tarzan" da "Mundo de Aventuras" com a curiosidade de ter dois quadradinhos preenchidos com a cor azul... Todas as páginas, na maioria das revistas, tem quadradinhos pintados de azul ou de vermelho em que presumo eu, tinham a finalidade (numa altura em que começavam a surgir no mercado, as fotocopiadoras) de evitar cópias... "piratas" - "pirataria" não é de agora, sempre existiu e sempre irá existir!... Actualmente com a tecnologia do computador e scanner, esse azul ou vermelho deixa de ser obstáculo para uma página "limpa"...
Esta página, corresponde à história "Tarzan em Luta pelo Tesouro" (1966?) e a arte é a "assinatura" de Russ Manning.

Outra colecção que muito me influenciou para apreciador de BD a P/B, foi a Falcão com as aventuras de Sandor”, o corsário sempre sorridente, combatendo as injustiças dos espanhóis; o “protector da Selva” Kalar com os espectaculares “retratos” do mundo animal de África; o arqueiro Oliver”, sempre contrariando as intenções do Xerife de Nottingham ; "Ogan", o Viking e, não esquecer, o muito famoso piloto-aviador da 2ªGuerra Mundial, Major Alvega!
Espectacular arte de uma das capas com as aventuras de Sandor - esta e a as capas seguintes, de Kalar e Ogan, são as mesmas da edição, original, francesa e que também foram publicadas em Espanha. A par das capas, apesar de alguns considerar como BD "menor", a arte das histórias não é nada de desprezar!...
Infelizmente, não existem referências aos autores dessas histórias e é / será um trabalho árduo pesquisar sobre o assunto... As inúmeras histórias desta vasta colecção, foram realizadas por desenhadores espanhóis, franceses, ingleses, italianos...e outros(?).
Esta edição de Sandor, editada em Portugal ( Outubro de 1972), corresponde ao nº640  da colecção Falcão com a história "Os pequenos reis" - esta página (31) é da mesma edição e corresponde a uma história sem título.

     
O responsável pelas belas telas sobre a selva africana com arte bastante original e reconhecível - cenário das aventuras de Kalar - até que foi fácil de encontrar ( até agora, o primeiro de poucos que encontrei dos vários artistas editados pela Falcão...) : o espanhol Tomás Marco Nadal. Esta bela capa é da edição da Falcão, nº524, donde está esta primeira página da história "O grande leopardo". 


    
Capa do Robin dos Bosques que a edição francesa renomeou para OLIVER em vez da edição original inglesa (?), Robin Hood. A minha intuição, diz-me que esta capa corresponde à edição inglesa - este e outros personagens como o Major Alvega, foram editados pela Thriller Pictures Library - a qual pertence esta movimentada introdução à história "Oliver em Rockspur".



Capa de OGAN (Ögan) e uma (página 1 da mesma edição) de três artes que descreve as aventuras deste príncipe viking. Essas variantes do desenho de Ogan, corresponderão a três desenhadores que ainda desconheço - pela arte, algumas dessas aventuras  associei, durante um bom tempo, a um grande desenhador espanhol (Carlos Giménez), mas, pesquisando pormenorizadamente o seu trabalho...estava errado... Mas, acertei na nacionalidade - um dos desenhadores de Ogan é o espanhol  César López Vera.
Uns dos pilotos, da BD, mais reconhecidos pelos portugueses, leitores ou não - MAJOR ALVEGA que na edição portuguesa, é um piloto-aviador luso-descendente ao serviço da RAF, durante a II Guerra Mundial. Na edição inglesa, original, esta série tem o nome Battler Britton, também editada pela  Thriller Pictures Library. Esta edição e outras, tem  histórias aonde predominam os aviões que foram um dos incentivos por me interessar pelo modelismo estático - a história deste número (559), "Duelo em Malta", está dividida em três capitúlos. A página 35 com Spitfires e bombardeiros Lancaster, em duelos com o inimigo, corresponde à edição nº525.

 A colecção Falcão, são pequenas revistas (+-128X178) com 64 páginas e histórias a preto/branco (P/B) - nalguns números, as últimas páginas eram preenchidas com pequenos contos ou curiosidades. O primeiro, surgiu em 1960 terminou com um total de 1286 números  (incluindo, reedições) em 1987. Estas revistas eram presença "obrigatória" nas papelarias e bancas em que nalgumas, era permitido trocas e revendas de exemplares desta coleccção (um pouco como se passa , actualmente com os jogos de consola) e doutras.
 Como curiosidade (contada pelos ainda mais velhos...), esta colecção tinha já um certo peso no mercado que quando a editora resolveu aderir às assinaturas (anuais e semestrais) ,através dos correios, os vendedores das bancas, pressionaram a editora, unindo-se na recusa de vender qualquer exemplar, porque, na opinião deles, essas assinaturas iriam acabar com a venda directa ao público...e negócio. 





 A Banda Desenhada a P/B demonstra o verdadeiro potencial de um desenhador, donde as cores dão a possibilidade de “disfarçar” uma "má" arte ou, inversamente, "anular" um  belo desenho...  Muito do meu desinteresse pelos "comics" de super-heróis, está na sua coloração que considero demasiado garrida ou sombria em que um quadradinho com uma arte pormenorizada, se torna um conjunto confuso... – o meu primeiro contacto com os super-heróis foi a P/B, nos anos 70, através das edições EBAL com o Superman e o Batman em que a arte não era tão "perfeita" como a dos desenhadores actuais. Pena que não haja edições "Super-Heróis" a P/B (no ecrã do computador, não conta...), apenas me restando apreciar, pormenorizadamente, essas artes em alguma exposição que tenha  este tema. Para finalizar este campo, não desgosto de todo dos "super-heróis", sendo o meu grande favorito o HULK (talvez, porque dele me revejo um pouco...) e quando mais novo, THOR e... Capitão AMÉRICA das revistas da Abril, aonde as cores me eram "familiares" - talvez devido à maquinaria de impresão , da altura, as paletes de cores eram muito idênticas às aplicadas nas revistas da Disney, HB...
 Imagem da terceira página da revista mensal de Superman. Pertence à edição brasileira (Ebal) com o nº2, da 4ª série, de Outubro de 1970.

 Para satisfação minha, ainda são publicadas muitas séries de BD a P/B, como os fumetti em edições brasileiras… e os inúmeros Mangá que infelizmente, em português, ainda são poucos no meu estilo preferido: “Gekigá”.
  
GEN é uma série desse estilo, mais adulto que retrata dramas reais  e fictícios - esta capa, da edição brasileira,  é do 4º e último volume da série "GEN - Pés Descalços". É uma autobiografia do seu autor, KEIJI NAKAZAWA que conta os sofrimentos provocados pela guerra (uma visão, do lado japonês, desses horrores) quando tinha 6 anos e assistiu à destruição de Hiroshima pela bomba atómica, aonde morreu o seu pai, irmã e irmão.
A história, nesta edição da Conrad (a 1ª em 1999 e a 5ª no ano 2004), está dividida em quatro volumes com os seguintes títulos: 1.Uma história de Hroshima, 2.O dia seguinte, 3.A vida após a bomba e 4.O recomeço. A imagem corresponde à página 22 do volume 4
 Um dos grandes desenhadores actuais deste estilo, P/B, é o argentino Eduardo Risso que é considerado por muitos como o Mestre das sombras”. Também vou mencionar o "mestre" que considero como o melhor e meu favorito desenhador espanholCarlos Giménez.
Bela página (147) da primeira obra (exclusivamente da sua autoria) do "mestre" espanhol, CARLOS GIMÉNEZ - está inserida numa edição que compila histórias realizadas entre 1963 e 1966.
Foi editado pela Glénat (Espanha-Barcelona), em 2009 com o título "Gringo - Libro 1" (256 págs.).
A seguinte imagem é da página 33 da edição com o título "Video Inferno" (para adultos) , editado pela Mancha Negra (VitaminaBD) 2001 com história de CARLOS TRILLO e arte de um "mestre" um pouco mais jovem e que também fala castelhano - o argentino EDUARDO RISSO.